segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Identificadas as origens do Capitão João Pereira Lima Gramacho


O personagem que no século XVIII fundou uma fazenda para a produção de cana de açúcar e um pequeno porto às margens do rio Sarapui, na Baixada Fluminense, marcos que acabaram por fixar seu nome na geografia da região, era natural de Portugal. Havia nascido a 6 de dezembro de 1714 na antiga freguesia de Várzea do Douro, do concelho de Marco de Canavezes, distrito do Porto. Era filho de Leonardo de Lima Gramaxo, escrivão, que fazia parte de uma ramo dos Gramaxos que se havia fixado na região do Porto. Sua mãe era Angélica Maria de Miranda.

“Joam filho legitimo de Leonardo de Lima Gramaxo e de sua mulher Dona Angelica moradores na quinta da Rua desta freguesia nasceo aos seis dias do mês de dezembro do anno de mil setecentos e quatorze annos e foi por mim baptizado em o dia dezasseis dias do mesmo mês e anno; foram padrinhos Francisco e Augusta [?] filhos do sobre dito Leonardo de Lima e irmãos do batizado. Foram testemunhas ... Francisco Ferreyra natural desta freguesia supra ditta e Francisco da Rocha morador no lugar de Guilhade desta freguesia e por ser verdade fiz este termo que assigno com as testemunhas dias, mês e era ut supra.”

(Fonte: Arquivo Distrital do Porto. Igreja de São Martinho, Varzea do Douro, Marco de Canavezes, Porto. Referencia: PT-ADPRT-PRQ-PMCN28-001-0002_m00863)

Não se sabe quando João decidiu partir para o Brasil, mas encontramos o registro de seu casamento em 7 de setembro de 1748 com Joana de Moura, em cerimônia realizada na Igreja da Candelária. A esposa era brasileira, constando que havia sido batizada na igreja de São João de Meriti. Devemos supor que desse casamento não houve descendência, pois seu inventário que data de 1790, ano em que faleceu, menciona vários filhos seus com Clara Maria dos Anjos, todos nascidos após 1760.

“João Pereira Lima Gramacho - Aos sette de Septembro de mil settecentos e quarenta e oito na Capella de Sancta Rita por special licença de Sua Excellencia Reverendissima, na minha presença e das testemunhas abaixo nomeadas se receberam em matrimonio por palavras de prezente, feitas as diligencias necessarias na forma do Sagrado Concilio Tridentino e Constituição, João Pereyra de Lima Gramacho natural da freguesia da Varzea de São Martinho do Douro Comarca do Bispado do Porto, filho legitimo de Leonardo de Lima Gramacho e de sua mulher Donna Angelica Maria de Miranda, com Donna Joanna de Moura natural e baptizada na freguesia de São João de Merity deste Bispado filha legitima de Bento de Oliveyra Maciel e de sua mulher Donna Izabel de Siqueyra moradores ambos os contraentes nessa freguesia e que forao dispensados nos banhos de [...] por Sua Excellencia Reverendissima como tudo me mostra das provizoens que me apresentaram do Muito digo de Sua Excellencia Reverendissima e do Muito Reverendo Juiz de Cazamentos o Doutor Manoel Pereyra Correa e os notifique com pena de Exconunhao senão ajuntassem enquanto não aprezentavao os banhos em que forao dispensados; e por me não constar de outro impedimento algum canônico lhes assisti sendo testemunhas Jose Correa da Fonseca e Antonio de Oliveyra Durão de que fiz este assento que assignam commigo. [...] Ignacio Manoel - Jose Correa da Fonseca -Antonio de Oliveyra Durão.

(Fonte: Familysearch.org - Candelária, 1748, liv. 5, fl. 191v e 192)

A partir desses documentos agora localizados, posso finalmente atender à curiosidade de meu professor de francês, dos tempos em que fiz o ginásio no internato do colégio Pedro II (anos 50). “Monsieur Marcelô”, como lhe chamávamos, sempre perguntava se era eu o herdeiro ou proprietário do Jardim Gramacho, na Baixada. Como já havia identificado ser descendente direto de Diogo de Andrade Gramaxo (era meu hexavô), e este era primo de João Pereira Lima Gramacho, serei primo, em algum grau, dos descendentes que porventura este tenha deixado. 


Nota: Apesar da grafia original do sobrenome Gramaxo utilizar o “x”, ele aparece em muitos registros, mesmo os muito antigos, na versão com “ch”. O texto acima reproduz a forma mais utilizada nos documentos citados. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário